É uma realidade que toda a dor é uma experiência pessoal que envolve um alto grau de subjectividade e a única pessoa que pode descrevê-la e ser considerada como a autoridade sobre essa sensação é a própria pessoa que a vivencia.
No caso específico da situação de parto e nascimento, a expectativa da vivência da sensação dolorosa está presente durante o período gestacional. A sua inevitabilidade encontra-se associada à história da humanidade, textualmente explicitada nos escritos bíblicos. Na nossa cultura, as dores no parto ainda são vistas como um castigo de Deus a Eva e suas descendentes pelo pecado original: “ Multiplicarei as dores de tua gravidez, será na dor que vais parir os teus filhos” (Génesis, III, 16).
É certo que medo do trabalho de parto e parto são referenciados na literatura, como estando presentes na maioria das gravidezes, incluindo as normais. Apesar das inovações técnicas e da utilização da epidural ser uma realidade em muitas maternidades, o medo da dor e consequente perda de controlo no trabalho de parto e parto continua a ser motivo de angústia para as grávidas, intensificando-se este medo se for um primeiro filho.
Outro aspecto a considerar é o facto de que a aprendizagem sobre a gravidez e o parto é realizada muitas vezes de forma incorrecta e empírica, interiorizada por histórias relatadas de gravidezes e partos complicados, através, sobretudo, da transmissão oral. Sendo assim, na gravidez, a mulher recebe informação sobre a vivência da dor de parto, em especial, tendo como fonte as outras mulheres com quem mantém laços de parentesco ou amizade. A informação é recebida de forma passiva, contendo uma conotação altamente negativa e gerando sentimentos de dúvida, incredulidade, resignação e, sobretudo, de medo (Saito e Gualda, 2002; Davim e Bezerra, 2002; Couto, 2003).
A descrição do comportamento da dor de parto é empregada pelas mulheres para narrar às futuras parturientes a intensidade da sensação dolorosa e como agir para seu alívio, justificando até a adopção de comportamentos que socialmente, em geral, não são aceitáveis pela mulher que experimenta a dor de parto (Saito e Gualda, 2002).
Por parte das grávidas, o medo é um tema frequente nos relatos e surge de diferentes formas: medo da dor; medo de ser incapaz de expulsar o bebé; medo da sua própria morte ou do seu bebé; também, em alguns casos, medo de maus cuidados por parte dos profissionais de saúde. E isso confirma, aliás, as histórias sobre “a dor do parto” que as jovens ouviram fora do hospital, seja de seus parentes e amigos, seja da população em geral.
É no ambiente da sala de dilatação que o medo e o medo da dor se intensificam. A experiência do parto é, assim, modelada por um clima de medo crescente o qual domina a experiência do parto (Kitzinger, 1983; McCallum e Reis, 2006).
Por sua vez, o medo e ansiedade poderão influenciar o funcionamento natural dos músculos uterinos impedindo-os de funcionar normalmente, sendo por esta razão apontados como factores importantes na ocorrência de partos prolongados ou distócicos e sofrimento fetal, em que não se verificam causas mecânicas ou médicas. Lamúrias (2004) refere que quanto mais medo uma pessoa sentir, menos capacidade sobre o corpo terá e para aumentar os níveis de confiança perante uma situação complicada, a solução será estar bem preparada, isto é, se tiver um maior nível de conhecimentos, menos medo sentirá. A mesma autora salienta também que a informação é essencial devendo ser realista.
A presença física do pai, contribui para a redução da ansiedade, do medo, da própria dor nas contracções uterinas e para o aumento da realização pessoal da grávida, (Boback, 1999; Couto, 2003; McCallum e Reis, 2006). Preconiza-se que exista durante a vigilância da gravidez uma abordagem e discussão realista de todos os factores intervenientes, ajudando assim o pai a resolver os problemas de forma mais racional permitindo-lhe um planeamento mais eficaz do acontecimento.
Considero que se existir uma intervenção oportuna por parte dos profissionais, os medos do casal prestes a tornarem-se pais, pode diminuir. Segundo Boback (1999) podem substituir-se fantasias por conhecimentos adquiridos.
O “movimento de humanização da assistência ao parto e ao nascimento” defende a diminuição do uso de técnicas intervencionistas desnecessárias ou danosas no processo de trabalho de parto e parto.
Esta nova visão sobre o trabalho de parto humanizado recomenda: deve-se encorajar a mulher a andar e ter a liberdade para escolher a posição a ser adoptada quando está parindo; deve-se proteger o períneo sempre que possível, não se justificando o uso sistemático de episiotomias; não há justificativas para a ruptura artificial da bolsa amniótica como procedimento de rotina; o recém-nascido saudável deve permanecer com a mãe sempre que possível, estimulando-se a amamentação imediatamente após o nascimento (Davim e Bezerra, 2002; McCallum e Reis, 2006).
Humanizar, é o desenvolvimento de algumas características essenciais ao ser humano : a sensibilidade, o respeito e a solidariedade. E a humanização da enfermagem? Ela dependerá da maneira de relacionar-se e comunicar-se interpessoalmente, partindo de si para com os clientes de uma forma tal que o cliente sinta o calor humano e a aceitação se manifeste através do sentir-se bem com o cuidado. (Davim e Bezerra, 2002).
Interpreto ser fundamental o esclarecimento de todas as dúvidas e um acompanhamento personalizado do trabalho de parto e parto, proporcionando a tranquilidade desejada e ajudando a compreender as emoções e a enfrentar essa fase final da gravidez, sendo fundamental a procura da diminuição dos níveis de ansiedade, medos e angústia associados à dor física de forma a que a mulher/casal adquira o equilíbrio físico e psíquico necessário.
Numa altura em que cada vez mais se fala do parto humanizado, e em que se procura um cuidado mais natural, menos agressivo, com menor interferência nos processos fisiológicos, as medidas não farmacológicas de alivio da dor assumem uma importância fulcral podendo ser utilizadas como alternativas ou complementares às medidas farmacológicas.
No caso específico da situação de parto e nascimento, a expectativa da vivência da sensação dolorosa está presente durante o período gestacional. A sua inevitabilidade encontra-se associada à história da humanidade, textualmente explicitada nos escritos bíblicos. Na nossa cultura, as dores no parto ainda são vistas como um castigo de Deus a Eva e suas descendentes pelo pecado original: “ Multiplicarei as dores de tua gravidez, será na dor que vais parir os teus filhos” (Génesis, III, 16).
É certo que medo do trabalho de parto e parto são referenciados na literatura, como estando presentes na maioria das gravidezes, incluindo as normais. Apesar das inovações técnicas e da utilização da epidural ser uma realidade em muitas maternidades, o medo da dor e consequente perda de controlo no trabalho de parto e parto continua a ser motivo de angústia para as grávidas, intensificando-se este medo se for um primeiro filho.
Outro aspecto a considerar é o facto de que a aprendizagem sobre a gravidez e o parto é realizada muitas vezes de forma incorrecta e empírica, interiorizada por histórias relatadas de gravidezes e partos complicados, através, sobretudo, da transmissão oral. Sendo assim, na gravidez, a mulher recebe informação sobre a vivência da dor de parto, em especial, tendo como fonte as outras mulheres com quem mantém laços de parentesco ou amizade. A informação é recebida de forma passiva, contendo uma conotação altamente negativa e gerando sentimentos de dúvida, incredulidade, resignação e, sobretudo, de medo (Saito e Gualda, 2002; Davim e Bezerra, 2002; Couto, 2003).
A descrição do comportamento da dor de parto é empregada pelas mulheres para narrar às futuras parturientes a intensidade da sensação dolorosa e como agir para seu alívio, justificando até a adopção de comportamentos que socialmente, em geral, não são aceitáveis pela mulher que experimenta a dor de parto (Saito e Gualda, 2002).
Por parte das grávidas, o medo é um tema frequente nos relatos e surge de diferentes formas: medo da dor; medo de ser incapaz de expulsar o bebé; medo da sua própria morte ou do seu bebé; também, em alguns casos, medo de maus cuidados por parte dos profissionais de saúde. E isso confirma, aliás, as histórias sobre “a dor do parto” que as jovens ouviram fora do hospital, seja de seus parentes e amigos, seja da população em geral.
É no ambiente da sala de dilatação que o medo e o medo da dor se intensificam. A experiência do parto é, assim, modelada por um clima de medo crescente o qual domina a experiência do parto (Kitzinger, 1983; McCallum e Reis, 2006).
Por sua vez, o medo e ansiedade poderão influenciar o funcionamento natural dos músculos uterinos impedindo-os de funcionar normalmente, sendo por esta razão apontados como factores importantes na ocorrência de partos prolongados ou distócicos e sofrimento fetal, em que não se verificam causas mecânicas ou médicas. Lamúrias (2004) refere que quanto mais medo uma pessoa sentir, menos capacidade sobre o corpo terá e para aumentar os níveis de confiança perante uma situação complicada, a solução será estar bem preparada, isto é, se tiver um maior nível de conhecimentos, menos medo sentirá. A mesma autora salienta também que a informação é essencial devendo ser realista.
A presença física do pai, contribui para a redução da ansiedade, do medo, da própria dor nas contracções uterinas e para o aumento da realização pessoal da grávida, (Boback, 1999; Couto, 2003; McCallum e Reis, 2006). Preconiza-se que exista durante a vigilância da gravidez uma abordagem e discussão realista de todos os factores intervenientes, ajudando assim o pai a resolver os problemas de forma mais racional permitindo-lhe um planeamento mais eficaz do acontecimento.
Considero que se existir uma intervenção oportuna por parte dos profissionais, os medos do casal prestes a tornarem-se pais, pode diminuir. Segundo Boback (1999) podem substituir-se fantasias por conhecimentos adquiridos.
O “movimento de humanização da assistência ao parto e ao nascimento” defende a diminuição do uso de técnicas intervencionistas desnecessárias ou danosas no processo de trabalho de parto e parto.
Esta nova visão sobre o trabalho de parto humanizado recomenda: deve-se encorajar a mulher a andar e ter a liberdade para escolher a posição a ser adoptada quando está parindo; deve-se proteger o períneo sempre que possível, não se justificando o uso sistemático de episiotomias; não há justificativas para a ruptura artificial da bolsa amniótica como procedimento de rotina; o recém-nascido saudável deve permanecer com a mãe sempre que possível, estimulando-se a amamentação imediatamente após o nascimento (Davim e Bezerra, 2002; McCallum e Reis, 2006).
Humanizar, é o desenvolvimento de algumas características essenciais ao ser humano : a sensibilidade, o respeito e a solidariedade. E a humanização da enfermagem? Ela dependerá da maneira de relacionar-se e comunicar-se interpessoalmente, partindo de si para com os clientes de uma forma tal que o cliente sinta o calor humano e a aceitação se manifeste através do sentir-se bem com o cuidado. (Davim e Bezerra, 2002).
Interpreto ser fundamental o esclarecimento de todas as dúvidas e um acompanhamento personalizado do trabalho de parto e parto, proporcionando a tranquilidade desejada e ajudando a compreender as emoções e a enfrentar essa fase final da gravidez, sendo fundamental a procura da diminuição dos níveis de ansiedade, medos e angústia associados à dor física de forma a que a mulher/casal adquira o equilíbrio físico e psíquico necessário.
Numa altura em que cada vez mais se fala do parto humanizado, e em que se procura um cuidado mais natural, menos agressivo, com menor interferência nos processos fisiológicos, as medidas não farmacológicas de alivio da dor assumem uma importância fulcral podendo ser utilizadas como alternativas ou complementares às medidas farmacológicas.
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